O jovem Deleuze: além-do-homem como devir-mulher (pulsações transcendentais do campo micropolítico)
Abah Andrade
Quando o “eu” é subtraído evidentemente também o cosmos (o mundo) desaba: fazemos a experiência do caos. Mas é somente aí que nos pomos em condições de fazer aparecer uma clareira, o caosmo, auto-organização a partir da bagunça: devir como elaboração de um plano de consistência não-egóica. Devir seria catar modos de moldar-se sem modelos prévios nem fixação numa realidade identitária. Ou ainda: o ato de introduzir-se nos arcanos do campo transcendental, que é a vida do corpo próprio, seria o mesmo ato pelo qual se faz a colheita das primícias do campo de imanência, que são as experiências ou os experimentos com a existência, a saber, quanto à noção de experiência: o fazer e refazer do aprendizado de vir a ser singular como forma de perfazer uma existência, de modelar uma saúde possível que, como veremos, é aquela estabelecida no além-do-homem, a contar que o próprio homem seria a doença de pele da Terra.