
Fragmentos como forma: ensaios de ontologia e história
Abah Andrade
Ao que tudo indica, “só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia.” Entretanto, há controvérsias quanto a isso: “O que é essencial num pensamento filosófico é uma certa estrutura.” O contraste que se apresenta nessas duas citações, uma de Camus, outra de Bréhier, desenha na superfície de seu desencontro uma dualidade de método de estudos da filosofia que é, na verdade, testemunho de um conflito anterior à toda filosofia, e que a sustenta por baixo desde sua origem. Diz respeito, dentro da tensão entre ontologia e história, a projetos de racionalidade rivais: um deles reivindicaria as aspirações do indivíduo; o outro, ao insistir na estrutura, respaldaria o todo sobre a parte, e reivindicaria com isso as aspirações de uma tradição indócil às demandas arbitrárias da personalidade individual. O presente livro procura não só explicitar as nuances desse conflito, como também sugere, no final, uma estrutura conceitual de acolhimento da tensão na unidade de um novo pensamento, aquele que a obra em curso do Autor pretende dar voz.
