A hora dos in-confidentes: fenomenologia de um tempo e lugar
Edvaldo Antonio de Melo; Cristiane Pieterzack (Orgs.)
A coletânea de textos intitulada A Hora dos In-confidentes. Fenomenologia de um tempo e lugar tem sua origem em um projeto de pesquisa de caráter filosófico e cultural da Faculdade Dom Luciano Mendes (FDLM), situada na cidade de Mariana, Minas Gerais (Brasil). O projeto envolveu docentes, universitários, comunidade acadêmica e sociedade em geral. Os docentes envolvidos participaram colaborando através de conferências realizadas durante os sábados letivos. A Hora dos In-confidentes nasceu com o objetivo de resgatar e reinterpretar elementos próprios do modo de pensar e de se expressar da Região dos Inconfidentes, principalmente onde se encontram os municípios de Mariana, Ouro Preto e Itabirito. Os textos seguem uma ordem existencial, apontando como foram meditados e vividos, presencialmente, pelos palestrantes ao longo do ano de 2019, sendo transcritos pelos estudantes do curso de Filosofia da FDLM e reelaborados, a posteriori, pelos autores das conferências na intimidade de seus lares durante a pandemia do novo coronavírus. Os textos são, portanto, originários de um pensar em movimento: primeiramente, foram apresentados no projeto A Hora dos In-confidentes e depois levados pelos alunos para casa, para novamente serem ouvidos e transcritos. Aos poucos, as falas foram tiradas “para fora” das mentes, e assim, segundo Aristóteles, em seu Περὶ Ἑρμηνείας (16a, 3-7), o que era voz /som – sopro da alma – foi ganhando forma textual. Os capítulos do livro retratam o que aconteceu em cada encontro, em cada Hora dos In-confidentes. A obra surge numa hermenêutica plural, produzida em várias mãos. Tem-se este belo tecido de uma história vivida e interrogada coletivamente: A Hora dos In-confidentes! Uma obra que se dá numa “escritura infinita”, surge de um lugar próprio, um lugar meditado: a maravilha de um encontro, que Blanchot chamava de “conversa infinita” (entretien infini) ou “jogo insensato”. E, no nosso modo mineiro de ser, esse “jogo” faz parte do “trem” da vida, habita o jeitinho mineiro de ser, entre montanhas, entre rios, entres torres e sinos, entre frases e fragmentos... Talvez fazer filosofia seja isto: seguir a própria sorte, a sorte de ser mineiro, de ter nascido entre as montanhas... Um nascimento único, de um tempo e lugar únicos.
Nº de pág.: 132
ISBN: 978-65-5917-016-6
DOI: 10.22350/9786559170166