Histórias de Negros no Ceará
Eurípedes A. Funes; Eylo Fagner Silva Rodrigues; Franck Ribard (Orgs.)
Esta publicação coletiva, fruto de pesquisas dos pós-graduandos e docentes do Curso de Pós-Graduação em História (UFC) e do grupo de pesquisa “Trabalhadores livres e escravos no Ceará. Diferenças e identidades” (UFC) está, há tempo, em preparação. Discentes autores já são, hoje, professores e desenvolvem novos projetos, ilustrando o trabalho realizado durante os últimos 20 anos. Mas os fragmentos de história, ora apresentados, constituem contribuições importantes, pautadas nas experiências de sujeitos invisibilizados, esquecidos das narrativas oficiais. Baseados em documentos, registros e memórias múltiplos, buscam trazer à tona vivências do “povo de cor” e da afro-cearensidade. Numa terra muito tempo autocentrada sobre a ideia de “Terra da Luz”, não se pode mais dizer que “no Ceará, não tem negros”. A questão do reconhecimento do legado fundamental e da riqueza cultural negra continua complexa, controversa, sintomática de uma ideologia racial que tende a se reproduzir, apoiando-se, fazendo eco, legitimando e cultivando o racismo, a exploração e a repressão de uma população marginalizada socialmente e estigmatizada racialmente. É nesse panorama atual, onde pairam as situações precárias de boa parte da população negra e indígena, nas periferias das principais cidades cearenses, mas também nas áreas mais pobres das regiões interioranas, em que sobressaem o destino daqueles que forjaram no seu trabalho, em geral compulsório, as bases da economia e da sociedade cearenses. Compreender os mecanismos institucionais, os dispositivos sociais, os interesses em jogo que presidiram a manutenção de um sistema desigual, predatório, ancorado na estrutura racista da escravidão, configura-se como outro desafio legítimo de nossas análises nos capítulos aqui coligidos.
Nº de pág.: 248
ISBN: 978-65-5917-037-1
DOI: 10.22350/9786559170371