Política e vocação brasileira: leituras transdisciplinares
Suzana Guerra Albornoz
Esse texto se entrega a quem o quiser ler com a impressão de ser o registro de uma experiência semelhante à do anão amparado sobre os ombros de gigantes – imagem de longa história -, pois é uma narrativa de leituras em direção de uma consciência do significado do mundo político, com a preocupação de ilustrar a vocação humana para a política; vocação definidora que, considerando-a como nossa, de nós, seres humanos, é também nossa, de nós, brasileiros, e às vezes neste trabalho, confesso, a pergunta sobre a vocação se referiu a nós, sulriograndenses e, talvez, ainda mais discretamente, a nós, cidadãos da fronteira do Brasil com os demais países da América Latina – em última análise, a nós, filhos de Rivera e Santana do Livramento, minha cidade de origem, situada sobre a divisa entre o Brasil e o Uruguai. Por meio desse caminho, de excertos e relatos de leituras, tenho a esperança de iluminar por algum novo ângulo, pelo menos por causa da ordem de associação dos textos e autores escolhidos, as interpretações da política e da democracia que ocorrem na vivência cotidiana do cidadão brasileiro no momento presente. De todo modo, o conjunto de ensaios aqui publicado deseja ser uma forma de iniciação, um convite ao encontro de autores essenciais para pensar e entender a democracia, tal como ela aparece em nossa vivência concreta. Não alimento a ilusão de que seja a única iniciação possível, nem uma iniciação completa, muito menos, perfeita, mas, ainda assim, pretendo oferecer aos leitores motivos para construir a sua visão honrosa da política, mais honrosa que a vulgarmente difundida em nossos dias.