Henrique Cláudio de Lima Vaz
Cláudia Maria Rocha Oliveira
Como citar este verbete:
OLIVEIRA, Cláudia Maria Rocha, “Henrique Cláudio de Lima Vaz” (última versão de outubro de 2023), Enciclopédia da Filosofia Brasileira, editada pelo Grupo de Trabalho em Pensamento Filosófico Brasileiro. Disponível em <https://www.editorafi.org/enciclopedia-da-filosofia-brasileira> DOI: https://dx.doi.org/10.22350/2023efb
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Henrique Cláudio de Lima Vaz (1921- 2002) é natural de Ouro Preto, Minas Gerais. Padre Jesuíta, ordenado em 1948, estudou filosofia no escolasticado da Companhia de Jesus em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro (1943-1945). Em 1946 ingressou no curso de teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (PUG). Chegou em território italiano em 1945, logo após o fim da II Guerra Mundial. Deparou-se com um contexto de devastação, mas também com clima de esperança em relação ao futuro. Teve contato com autores como, por exemplo, Henri-Marie de Lubac e Emmanuel Mounier que defendiam um pensamento cristão engajado na realidade histórico-social. No ano de 1953, com uma tese escrita em latim, sobre o tema “Dialética e Contemplação em Platão”, concluiu o doutorado em filosofia, também na PUG. A tese foi traduzida para o português e publicada pela Loyola em 2012, mais de dez anos após a sua morte. Ao retornar da Itália, a partir de 1954, dedicou-se ao magistério, em Nova Friburgo, como formador dos jesuítas.
Num contexto que antecedeu o Concílio Vaticano II (1962-1965), as aulas eram ministradas em latim. Tomás
de Aquino era o principal autor indicado para os estudos filosóficos. Ao seguir tomistas como Joseph Marechal, Johannes Baptista Lotz, Johann Baptist Metz e Joseph De Finance, apenas para citar alguns nomes, Lima Vaz procurou mostrar não haver contradição entre o pensamento cristão e a modernidade. Ele insiste que há uma relação de descontinuidade na continuidade entre o pensamento medieval e o moderno. No livro Raízes da Modernidade, publicado em 2001, o filósofo jesuíta defende a tese de que a modernidade encontra suas raízes mais profundas no solo doutrinal dos séculos XIII e XIV. Esta tese havia sido defendida por ele, de modo menos aprofundado, vários anos antes, em texto publicado no livro Escritos de Filosofia I: Problemas de Fronteira.
Inspirado na Nouvelle Théologie, cujo um dos principais representantes foi Henri de Lubac, pretendeu fazer uma filosofia cristã em diálogo com o pensamento não cristão. Uma filosofia atenta à realidade, que assume como ponto de partida da investigação as aporias que se apresentam no contexto histórico. Trata-se de uma filosofia em sintonia com a interpretação que ele próprio propõe...