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História do positivismo no Brasil (1870-1904)

Luis Rosenfield

Como citar este verbete:

ROSENFIELD, Luis, “História do positivismo no Brasil (1870-1904)” (última versão de agosto de 2024), Enciclopédia da Filosofia Brasileira, editada pelo Grupo de Trabalho em Pensamento Filosófico Brasileiro. Disponível em <https://www.editorafi.org/enciclopedia-da-filosofia-brasileira> DOI https://dx.doi.org/10.22350/2023efb

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A influência das ideias positivistas comtianas inspirou vários círculos intelectuais em diferentes regiões do país. O positivismo de matriz comtiana no Brasil pode ser definido como uma filosofia política que funcionava como moldura para a compreensão crítica da história nacional, sendo especialmente importante no período de derrocada do Segundo Reinado, momento no qual as ideias positivistas assumiram aspecto predominantemente contestador e se tornaram um sistema de ideias filosóficas que era visto como o mais adequado à solução dos problemas sociais e políticos do Brasil. No contexto latino-americano, o positivismo comtiano angariou adeptos em diversos países da América Latina, como México, Chile, Uruguai, Argentina e Peru. Principalmente a partir dos preceitos da Lei dos Três Estados de Comte – Estado Teológico, Estado Metafísico e Estado Positivo –, o positivismo foi visto como sistema filosófico capaz de proporcionar um roteiro de reforma social ordenada. Em síntese, o positivismo, uma filosofia materialista por excelência, estava calcado na crença nos imperativos da Ciência e da Razão, buscava explicar as mais diversas facetas da vida humana através da observação empírica em um momento de forte crise da moral religiosa e de intensa instabilidade dos regimes políticos na Europa. Essa visão do positivismo filosófico como base ideológica para a ação política e social teve especial apelo na América Latina e, sobretudo, no Brasil.

Em termos cronológicos, a trajetória do positivismo poderia ser segmentada em três fases: (i) a fase inicial de recepção (1850-1865), período marcado pelo ainda incipiente despertar do interesse pelas ideias de Comte no Brasil; (ii) a fase de difusão do positivismo (1865-1890), em que o positivismo alcançou o pico de popularidade e serviu como base ideológica para ações político-sociais revolucionárias, especialmente no contexto da agitação republicana e do movimento abolicionista; (iii) e, por fim, a fase de consolidação das ideias positivistas de corte comtiano (1890-1904), que pode ser compreendida como um momento de sedimentação das ideias positivistas nas elites brasileiras, mas que também corresponde à crescente contestação do positivismo por diferentes setores da intelectualidade nacional no transcorrer da Primeira República, quando o positivismo comtiano gradativamente vai perdendo espaço depois da...

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