Vamos usar quadrinhos em sala de aula? Os super-heróis invadem a escola
Gelson Weschenfelder
Pode até parecer estranho que no ambiente acadêmico alguém dedique anos de sua vida a pesquisar e produzir textos sobre as histórias em quadrinhos de super-heróis. Poderia ser perda de tempo, se considerássemos que tais histórias se restringem à função de entretenimento do grande público e, principalmente, do público infantojuvenil. Mas não é bem assim, nem tampouco poderia parecer assim, pelo menos se for levado em conta tudo que já se investiu na difusão dessas histórias, seja na sua forma impressa, clássica, seja na forma das mídias eletrônicas mais recentes. Há, seguramente, algo para além do imediato. Sem falar que há um crescimento de pesquisas no âmbito acadêmico com o tema histórias em quadrinhos. Nesse algo mais, historicamente associado simplisticamente ao imperialismo cultural americano, existe mais profundidade do que acusam as leituras ideologicamente apressadas, embora elas tenham o mérito de desmascarar a farsa da neutralidade ou da inocência dos ensinamentos dos super-heróis. A partir da colaboração da leitura crítica como algo positivo e já muito explorado em trabalhos acadêmicos na área da Educação, optei por voltar o meu olhar para aspectos ainda pouco explorados da história deste tema e seus desdobramentos em outros que vieram aparecendo aos poucos, desde o final da última década do século XX até o início do século XXI.