De Homine in Civitate: a concepção antropológico-política de Agostinho de Hipona
Gustavo Augusto da Silva
Sobre a obra que o leitor tem em mãos, devo, enfim, dizer que está repleta de cuidados. Embora seja a primeira aparição do seu autor na ampla ágora contemporânea, amadureceu-se ao longo de alguns anos, não sendo, portanto, de modo algum improvisada. Sofreu os reparos necessários, aprofundou-se e em alguns pontos até refez-se. Perfaz-se em ritmo binário, como a tentativa de atingir a sua meta: pôr em evidência o que chamou de concepção antropológico-política de Agostinho de Hipona. A princípio, dedica-se à pergunta pelo homem, sua natureza e relação com o divino, numa leitura verticalizada. Aos poucos, descobre que o exercício da liberdade convoca à dilatação de seu direcionamento, orientando-o aos outros com os quais compartilha a dádiva de ser. Esse é o ponto em que a leitura do fenômeno humano se mostra apenas parcial caso não o vincule ao horizonte de sua realização: a comunidade. As demandas que surgem dessa constatação são desenvolvidas por Gustavo Augusto no segundo capítulo do livro, uma viagem que deve ser encarada como imprescindível para futuras articulações dadas ao pensamento que, mesmo quando discordantes, permanecem tributárias à fonte agostiniana.