O paradoxo da inclusão política à luz de contribuições maquiavelianas
Ricardo Manoel de Oliveira Morais
Esta obra, fruto de uma tese doutoral, visa problematizar um certo modelo de “democracia” atrelado à noção de governo representativo, fazendo-o a partir da teoria maquiaveliana do conflito político. Maquiavel volta suas reflexões para a realidade política imanente e, por conseguinte, não deixa de considerar as “imperfeições” que a constituem, fazendo dele um um “realista político”. Nesse sentido, suas preocupações não estão direcionadas para a compreensão ou para o delineamento de regimes políticos que jamais existiram ou existirão, como ele mesmo ressalta no capítulo XV de O príncipe. Sua obra não visa idealizar um regime harmonioso ou decifrar uma realidade transcendente e inatingível, mas refletir sobre a realidade para, a partir dela, retirar lições úteis àqueles que agirão politicamente, bem como inferir “remédios” e exemplos paradigmáticos do passado que possam ser repetidos ou imitados levando-se em conta as contingências do presente. Sendo assim, embora a harmonia, a unidade da polis e do demos e a superação absoluta de crises sejam horizontes políticos importantes, a realidade política mostra que tais situações são irrealizáveis, tanto por não existirem registros históricos de comunidades políticas assim definidas quanto por não haverem indícios fáticos de que tais conjunturas serão, um dia, plenamente alcançadas.