Esta Enciclopédia é o primeiro projeto coletivo do Grupo de Trabalho (GT) em Pensamento Filosófico Brasileiro, da ANPOF, que vem a lume como publicação on-line, com contribuições assinadas por seus membros, autores e autoras dos primeiros verbetes, e desde já aberta à colaboração da comunidade filosófica externa espalhada em diferentes pontos do país e do exterior.
Antes de decidirmos pelo título de Enciclopédia – do grego Egkuklios paideia, literalmente “educação circular e geral” e por expansão “conhecimento geral”, que resultou no latim Encyclopaedia e em seguida migrou para as línguas nacionais europeias no curso da era moderna –, consideramos outros vocábulos que poderiam ser escolhidos como nome de batismo. Um deles Glossário, que recentemente apareceu numa publicação em espanhol consagrada à Filosofia da Tecnologia. Outro foi Dicionário, como nos populares dicionários filosóficos de Ferrater Mora e de Abbagnano, havendo outros. E, ainda, Vocabulário, na vizinhança de Glossário e do desusado Thesaurus, com seu viés lexical e filológico, e que foi retido por André Lalande no seu famoso Vocabulaire technique et critique de la philosophie, colocando o foco menos no léxico do que nos conceitos e no jargão técnico da filosofia.
Feito o balanço das (in)conveniências, com os prós e os contras, acabamos por optar por Enciclopédia, em razão da natureza coletiva do nosso empreendimento, à diferença dos dicionários e glossários monoautorais tradicionais e em razão da maior extensão dos verbetes, ao trocar o léxico pelo conceito, como foi o caso da Enciclopédia que serviu e serve de modelo para todas as outras: a Encyclopédie de Diderot e de D’Alembert. E desde logo, em razão de sua maior ambição, por trazer a lume o estado da arte da pesquisa e do conhecimento, como nos casos da Enciclopédia famosa e da Encyclopædia Universalis com seus impressionantes 30 volumes e 7000 autores, porém com escopo consideravelmente menor, por se restringir no nosso caso à filosofia. E em razão, igualmente, da necessidade de revisão e atualização permanentes da parte de seus autores e colaboradores, facilitadas hoje pelas tecnologias digitais, a exemplo da similar e não menos essencial Stanford Encyclopedia of Philosophy, na qual igualmente nos inspiramos.
Ao elegermos este caminho, da cooperação coletiva e da atualização, assim como ao escolhermos tal nome de batismo, retendo o significado de uma obra que trata do conjunto do conhecimento de uma área do saber ou de um campo de estudos – filosofia e brasileira, tomando-as não simplesmente como filosofia universal e feita no Brasil, mas com as marcas de sua inscrição local em nossa cultura e em nossa história, ao sofrer as fricções de nosso meio e ao receber as contribuições de nossa intelectualidade –, não estávamos sozinhos nesta empreitada no conjunto da academia brasileira. Bem antes de nós e da filosofia brasileira, já tinha surgido desde 2015 a Enciclopédia de Antropologia, da USP, igualmente com foco em nosso país, virtual ou on-line e fruto de um esforço coletivo de um conjunto de autores, não de um só. E da qual herdamos, a exemplo de outras, dentro e fora da filosofia, nacional ou não, tanto o propósito de fornecer à comunidade uma obra de referência, como fonte de consulta e instrumento de trabalho, quanto o escopo de trazer a lume verbetes autorais classificados em autor, obra, conceitos, temas, problemas, correntes e instituições.
Por fim, à diferença da Enciclopédia francesa famosa, cujos artigos eram por encomenda, havendo quem assinasse dezenas deles, como o barão d’Holbach, a Enciclopédia da Filosofia Brasileira, por decisão dos editores – além de estar aberta à colaboração da comunidade filosófica brasileira, como a da USP e a de Stanford – franqueará a circulação dos verbetes à comunidade e nas redes sociais. Para tanto, o usuário deverá fornecer os créditos da publicação, indicando autor, título, endereço do site e data de acesso.
Para mais informações, convidamos a comunidade ver na sequência “Coordenação e Comitês da Enciclopédia” e consultar as “Diretrizes para elaboração dos verbetes e submissão na Enciclopédia da Filosofia Brasileira”.